BOMBA: 700% DE AUMENTO NOS AFASTAMENTOS POR SAÚDE MENTAL! QUEM PROTEGE QUANDO A MENTE COLAPSA?
Afastamentos por saúde mental entre PMs da Paraíba aumentam 700% em cinco anos. Descubra as histórias por trás dos números e como a crise silenciosa afeta quem nos protege.
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Por Erick Guimarães
Perito Criminal, Especialista em Políticas e Gestão da Segurança Pública, Criminologia e Engenharia Ambiental. Professor há mais de 20 anos, Físico (bacharelado e licenciatura) pela UnB, Químico, Esp. em Saúde Mental e Atendimento Psicossocial, Esp. Psicologia do Trabalho, Esp. Neurociência do Comportamento etc.
Um dado alarmante acaba de ser revelado pelo Núcleo de Dados da Rede Paraíba de Comunicação: os afastamentos de policiais militares por problemas de saúde mental aumentaram 700% na Paraíba entre 2019 e 2023. Nos últimos cinco anos, 272 policiais precisaram deixar temporariamente suas funções para tratar da saúde mental, enquanto o Corpo de Bombeiros Militar registrou 50 afastamentos pelo mesmo motivo.
O crescimento foi gradativo e exponencial, com um aumento ainda mais significativo após a pandemia da Covid-19. Em 2019, foram 17 policiais afastados por problemas psicológicos. O número subiu para 23 em 2020, 24 em 2021, e disparou para 69 em 2022 e 139 em 2023.
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Histórias por trás dos números
Marcelo (nome fictício), um dos policiais afastados, compartilhou sua experiência: "Na verdade, eu acho que muita gente não sabe que tem problema mental. É difícil identificar. Eu descobri da pior forma". Ele relata que, apesar de estar preparado para o trabalho operacional, sofria com insônia durante suas folgas: "O problema era quando era para relaxar, na minha folga. Não dormia direito. Não conseguia dormir".
Foram cinco anos afastado das atividades policiais para cuidar da mente. Ele procurou ajuda quando começou a apresentar sintomas como taquicardia, suor frio e impaciência.
A tenente Ana Rodrigues, há nove anos na Polícia Militar, também compartilhou sua experiência: "Tenho transtorno de ansiedade. Nós, mulheres, temos uma carga muito grande. Nosso trabalho não tem fim quando a gente sai do quartel". Ela encontrou na atividade física, especialmente musculação e artes marciais, uma válvula de escape para o estresse do trabalho.
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Suporte institucional
Para dar suporte aos policiais que enfrentam problemas de saúde mental, a Polícia Militar mantém há oito anos o Espaço Viver Bem, com unidades em João Pessoa, Campina Grande e Patos. Segundo a capitã Gisele Suminsk, diretora do espaço, as demandas são diversas, principalmente após a pandemia: "Hoje nossa maior demanda são questões de transtorno de ansiedade".
Além disso, a Secretaria da Segurança e da Defesa Social (Sesds) mantém o Núcleo de Saúde Ocupacional (NSO), que funciona em período integral e realiza atendimentos de psicologia para servidores e seus dependentes.
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Um alerta para a segurança pública
Gustavo Batista, especialista em segurança pública, alerta que o alto número de suicídios (10 nos últimos cinco anos) é um indicativo de que há algo errado nas corporações: "É necessário vislumbrar caminhos para uma reforma institucional, para que tenhamos instituições saudáveis e democráticas".
Ele enfatiza a importância de quantificar esses dados para direcionar políticas públicas eficazes: "Sem números a gente não tem como articular políticas públicas. A sociedade precisa de policiais saudáveis, que estejam mentalmente e fisicamente preparados para lidar com esse cotidiano".
O aumento expressivo nos afastamentos por saúde mental na Polícia Militar da Paraíba é um sinal de alerta que não pode mais ser ignorado. É urgente que governos e instituições invistam no bem-estar psicológico daqueles que arriscam suas vidas diariamente para proteger a sociedade.
Fonte: G1 Paraíba
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