Cuide-se Policial no Congresso Nacional

Erick Guimarães, perito criminal, revela no parlamento brasileiro, Congresso Nacional, os bastidores sombrios da perseguição a policiais que fazem denúncias de irregularidades. Descubra mais sobre essa importante discussão.

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Cuide-se Policial

7/14/20256 min read

Fundador do Cuide-se Policial é Convocado pelo Congresso Nacional para Denunciar Violência Institucional Contra Policiais

Perito Criminal Erick Guimarães expõe no Parlamento brasileiro os bastidores sombrios da perseguição a policiais que denunciam irregularidades

Brasília, DF - Em uma audiência pública histórica que promete abalar as estruturas das forças policiais brasileiras, o perito criminal Erick Guimarães, fundador do projeto Cuide-se Policial, foi oficialmente convidado pela Deputada Federal Duda Salabert para falar na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado do Congresso Nacional.

O evento, que durou horas, revelou detalhes chocantes sobre a realidade enfrentada por policiais que ousam denunciar irregularidades ou cobrar direitos trabalhistas básicos. A audiência marca um momento decisivo na luta pelos direitos humanos dos profissionais de segurança pública no Brasil.

O Relato que Está Chocando o País

Durante sua participação na audiência pública, Erick revelou detalhes perturbadores sobre o preço devastador que policiais pagam quando decidem denunciar irregularidades ou cobrar direitos trabalhistas básicos.

"Qual é o preço para quem denuncia coisas tão graves que não podem sequer ser nomeadas em público?", questionou Erick diante dos parlamentares, antes de compartilhar sua própria trajetória de 12 anos como perito criminal que se transformou em um verdadeiro calvário pessoal e profissional.

O perito detalhou como sua carreira, que deveria ser motivo de orgulho e realização profissional, tornou-se fonte de sofrimento psíquico intenso. "Eu entrei na polícia para servir à sociedade, para fazer a diferença. Nunca imaginei que seria punido por tentar fazer meu trabalho com ética e transparência", declara.

A História por Trás dos Números Alarmantes

Com formação em Física e Química, estudante da UnB e múltiplas especializações que vão desde engenharia até neurociência do comportamento, Erick não era um policial qualquer. Seu "erro fatal", como ele mesmo define, foi "acreditar que denunciar irregularidade e problemas era seu dever".

Os dados apresentados são estarrecedores e revelam uma realidade sistemática de perseguição:

- Mais de 50 horas semanais de trabalho sem compensação adequada

  • Ideação suicida como consequência direta do assédio institucional/moral

  • Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e depressão crônica

  • Processo criminal por ter um ataque de pânico ao conversar sobre irregularidades administrativas

  • Até voz de prisão durante depoimento na corregedoria interna

  • Isolamento profissional e exclusão

  • Pressão psicológica constante através de sindicâncias

O Sistema de Retaliação Institucional

Erick detalhou como funciona o mecanismo de retaliação dentro das corporações policiais. "Quando você denuncia algo errado, automaticamente se torna um alvo. Começam as sindicâncias, os processos administrativos, a exclusão.

O Paradoxo que Expõe o Sistema

Em um dos momentos mais impactantes do depoimento, Erick revelou uma contradição absurda: enquanto recebia a Medalha Tiradentes em agosto de 2023 - honraria concedida por integrantes das forças internacionais de Paz da ONU, em São Paulo, pelo seu projeto social - simultaneamente enfrentava sindicância interna por ter solicitado uso de banco de horas para receber a própria medalha.

"Na intranet da polícia, numa parte tem eu sendo elogiado e as fotos da medalha. No boletim interno, eu tomando uma sindicância", denunciou o perito, evidenciando como o sistema pune até mesmo o reconhecimento externo de bons serviços prestados.

Esta situação exemplifica perfeitamente como as instituições policiais brasileiras lidam com profissionais que ganham visibilidade por trabalhos sociais ou denúncias de irregularidades. O reconhecimento, que deveria ser motivo de orgulho institucional, tornou-se fonte de perseguição interna.

Impacto Nacional: Mais de 30% dos Policiais Afastados por Problemas Psiquiátricos

O relato de Erick não é caso isolado. Segundo dados apresentados na audiência, em Juiz de Fora (MG), 30% dos policiais estariam afastados em determinada época, sendo a maioria por problemas psiquiátricos - um reflexo direto da precarização e falta de políticas de saúde mental nas corporações.

Estes números alarmantes revelam uma crise silenciosa que assola as forças de segurança pública brasileiras. A falta de apoio psicológico adequado, somada ao ambiente de trabalho tóxico e às pressões institucionais, tem criado uma epidemia de adoecimento mental entre os profissionais que deveriam proteger a sociedade.

Leia também: Descubra como o trabalho voluntário pode melhorar a saúde mental e fortalecer conexões sociais, onde exploramos alternativas terapêuticas que têm ajudado policiais em processo de recuperação.

A Cultura do Silenciamento

Durante seu depoimento, Erick expôs como funciona a "cultura do silenciamento" dentro das corporações policiais. Existe um código não escrito: você não denuncia, você não questiona, você não cobra direitos. Quem quebra esse código paga um preço muito alto.

O perito tem falado, já há algum tempo, como colegas que inicialmente apoiavam suas denúncias gradualmente se afastaram, temendo represálias. "O medo é generalizado. As pessoas sabem que algo está errado, mas preferem ficar caladas para não serem as próximas vítimas", revelou.

Esta cultura de silenciamento não apenas protege irregularidades, mas também impede que problemas sistêmicos sejam identificados e corrigidos. O resultado é a perpetuação de práticas nocivas que afetam tanto os profissionais quanto a qualidade dos serviços prestados à população.

O Nascimento do Cuide-se Policial

Foi a partir de seu próprio sofrimento que Erick decidiu criar o projeto Cuide-se Policial. "Quando você está no fundo do poço, tem duas opções: desistir ou lutar para que outros não passem pelo mesmo. Escolhi lutar", como tem falado emocionado nas redes sociais.

O projeto, que começou como uma iniciativa pessoal para lidar com seu próprio adoecimento, rapidamente se transformou em uma rede de apoio nacional. Hoje, o Cuide-se Policial tem presença em todo o Brasil, um espaço seguro para que profissionais possam compartilhar suas experiências sem medo de retaliação, e contando cada vez mais com informação e defesa dos Direitos Humanos dos profissionais de Segurança Pública.

"Não existe no Brasil uma política pública efetiva de saúde mental para policiais. O que existe são iniciativas isoladas, insuficientes para a dimensão do problema", explica Erick, destacando a importância de seu projeto no preenchimento desta lacuna crítica.

Assista ao Depoimento Completo

O testemunho integral de Erick Guimarães no Congresso Nacional está disponível e representa um marco na luta pelos direitos humanos dos policiais brasileiros. O vídeo mostra não apenas o relato pessoal do perito, mas também a reação dos parlamentares e os compromissos assumidos durante a audiência.

CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR AO VÍDEO COMPLETO

Os Próximos Passos da Luta

A audiência pública resultou em compromissos concretos que podem representar uma mudança significativa no cenário da segurança pública brasileira:

Protocolo do Projeto de Lei Rafaela Drumond em esfera federal, que visa estabelecer diretrizes nacionais para combate ao assédio moral nas forças policiais.

Emenda parlamentar específica para financiamento de pesquisas sobre assédio e violência institucional nas forças de segurança pública.

Reunião com o Ministro da Justiça para discussão e implementação de protocolo nacional de combate à violência institucional/moral.

Alterações no Código Penal Militar para tipificar adequadamente crimes de assédio moral e perseguição institucional.

Criação de ouvidorias/corregedorias independentes nas corporações policiais, com autonomia para investigar denúncias de irregularidades.

O Impacto da Audiência

A repercussão da audiência pública tem sido significativa tanto dentro quanto fora das corporações policiais. Diversos profissionais de segurança pública de todo o país entraram em contato com o projeto Cuide-se Policial relatando situações similares e buscando apoio.

"Depois da audiência, recebemos várias mensagens de policiais de diferentes estados relatando situações parecidas. Isso mostra que o problema é nacional e sistemático", revelou Erick em entrevista posterior.

A coragem de Erick em expor publicamente sua experiência tem encorajado outros profissionais a quebrar o silêncio e buscar ajuda. Este efeito multiplicador é fundamental para que mudanças efetivas possam ocorrer nas instituições policiais brasileiras.

Para Mais Informações

O site cuidesepolicial.com.br oferece uma ampla gama de recursos para profissionais de segurança pública, incluindo artigos especializados, orientações jurídicas e canais de apoio psicológico.

Confira nossa seção completa de artigos científicos e informativos sobre saúde mental, direitos trabalhistas e bem-estar de policiais.

Conclusão

O depoimento de Erick Guimarães no Congresso Nacional representa um marco na luta pelos direitos dos policiais brasileiros. Sua coragem em expor as mazelas do sistema, mesmo enfrentando perseguição pessoal, abre caminho para mudanças estruturais necessárias nas forças de segurança pública.

O projeto Cuide-se Policial continua crescendo e se consolidando como referência nacional no apoio à saúde mental de profissionais de segurança pública. Sem fins lucrativos e mantido pelo próprio fundador, representa a prova de que é possível fazer a diferença mesmo diante das adversidades.

A audiência pública não é um fim, mas o início de uma nova fase na luta por condições dignas de trabalho e respeito aos direitos humanos dentro das corporações policiais brasileiras.

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Fonte: Câmara dos Deputados - Policiais civis e militares de MG denunciam assédio, violência e perseguição dentro das instituições

Esta matéria faz parte da cobertura especial sobre direitos dos policiais e saúde mental nas forças de segurança. Para mais informações visite os links.

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