Gatilhos emocionais: a importância da empatia

ARTIGOSREFLEXÕES/AUTOCONHECIMENTOANSIEDADE

Erick Guimarães

6/19/20235 min read

Um gatilho emocional é um estímulo interno ou externo que desencadeia uma resposta emocional intensa em uma pessoa. Pode ser qualquer coisa, palavras, imagens, cheiros, sons, lugares ou situações específicas, que evocam memórias dolorosas, traumas passados ou emoções negativas. Esses gatilhos emocionais podem resultar em reações imediatas, como ansiedade, tristeza, raiva ou medo, e podem variar de pessoa para pessoa, dependendo de suas experiências individuais. O reconhecimento e o entendimento dos gatilhos emocionais são importantes para promover a autorreflexão, o autocuidado e o desenvolvimento de estratégias saudáveis de enfrentamento. Além de reforçar a necessidade de empatia da nossa parte.

Vamos lá...

Por Erick Guimarães

Perito Criminal, Especialista em Políticas e Gestão da Segurança Pública, Criminologia e, Engenharia Ambiental. Professor  há mais de 20 anos, Físico (bacharelado e licenciatura) pela UnB, psicanalista em formação.

Resolvi falar sobre isso em função da crescente divulgação e exposição na mídia e redes sociais dos inúmeros casos relacionados ao adoecimento psíquico de profissionais de segurança pública/justiça, e todas as terríveis consequências associadas a este tema. Por ter convívio e experiência pessoal e profissional com o assunto, acredito que seja muito importante refletirmos sempre na forma como expomos as imagens, áudios, histórias e toda sorte de informações de fatos dessa natureza. Há, também, nessa história toda, àqueles que tem experiências traumáticas com esse tipo de assunto, e cujo contato com essas informações, nem sempre é simples, como, às vezes, alguns, podem imaginar.

Gatilhos emocionais e traumas são aspectos significativos da experiência humana que podem ter um impacto profundo em nossa saúde mental e bem-estar. Esses dois conceitos estão intimamente relacionados, uma vez que os gatilhos emocionais frequentemente desencadeiam reações intensas e lembranças ou sensações dolorosas associadas a traumas passados. Compreender esses fenômenos é fundamental para promover o manejo dessas situações e o autocuidado.

Os gatilhos emocionais são estímulos internos ou externos que desencadeiam reações emocionais intensas em alguém. Eles podem ser desencadeados por uma ampla variedade de elementos, como palavras, sons, cheiros, imagens, lugares, situações ou interações específicas. Podem variar de pessoa para pessoa, pois estão profundamente ligados às experiências passadas e associações pessoais.

Traumas, por sua vez, são experiências dolorosas que causam um impacto significativo na vida de um indivíduo. Traumas podem ser causados por eventos únicos, como um acidente grave, um assalto violento ou uma experiência de guerra, ou podem ser resultado de situações prolongadas de abuso, negligência ou violência. Essas experiências traumáticas podem deixar cicatrizes emocionais profundas e duradouras, afetando a forma como uma pessoa pensa, sente e se comporta.

Gatilhos emocionais e traumas estão diretamente relacionados, uma vez que podem evocar lembranças vívidas e reações emocionais semelhantes às experimentadas durante o evento traumático. Por exemplo, um som alto e repentino pode ser um gatilho para um veterano de guerra, desencadeando memórias e emoções associadas a situações de combate vividas. Da mesma forma, um determinado aroma pode lembrar uma vítima de abuso de uma situação traumática passada, fazendo com que ela reviva o medo e a angústia daquela experiência.

Os gatilhos emocionais podem ser extremamente perturbadores, levando a reações intensas, como ataques de pânico, ansiedade, flashbacks e sentimentos avassaladores de medo, tristeza ou raiva. É importante ressaltar que cada pessoa pode ter uma resposta diferente aos gatilhos emocionais, dependendo de sua história de vida e de seus mecanismos de enfrentamento.

Para lidar com gatilhos emocionais e traumas, é fundamental buscar apoio profissional. Terapeutas especializados em trauma podem ajudar o indivíduo a processar e superar as memórias dolorosas, desenvolvendo estratégias de enfrentamento saudáveis. Essas estratégias podem incluir, por exemplo, técnicas de relaxamento, a meditação, além de abordagens terapêuticas específicas.

É importante lembrar que a jornada de ressignificação e manejo após um trauma pode ser longa e desafiadora. Cada pessoa tem seu próprio ritmo e processo de recuperação. O autocuidado é fundamental nesse processo, e inclui práticas como estabelecer limites saudáveis, buscar apoio social, praticar atividades que proporcionem prazer e relaxamento, e cultivar uma mentalidade compassiva em relação a si mesmo, além do apoio profissional especializado.

Assim, vemos que os gatilhos emocionais e os traumas são aspectos complexos e interligados, da experiência humana. Compreender sua natureza e impacto é essencial para promover o manejo e o bem-estar emocional. Buscar apoio profissional e adotar estratégias de autocuidado são passos importantes no caminho dessa recuperação. A empatia com o sujeito diante desse contexto é fundamental, visto que dependendo das circunstâncias, algo que pra gente não tenha significado relevante, para outra pessoa, a mera exposição a um detalhe imperceptível pra nós, pode desencadear toda uma rede de sentimentos, sensações e pensamentos angustiantes.

Quando uma pessoa se sente verdadeiramente ouvida e compreendida em relação aos seus gatilhos emocionais, ela se sente mais segura para compartilhar suas experiências e vulnerabilidades. Isso fortalece os laços entre as pessoas e contribui para a criação de um senso de comunidade e apoio mútuo. Precisamos muito disso nas instituições de Segurança Pública e Justiça. Somos referência para a Sociedade, e temos a obrigação de não assumir condutas que ajudamos a apurar e condenar nos outros.

Vamos ter atenção à forma como nos expressamos, a forma como divulgamos determinadas coisas na Internet, e a maneira como expomos as pessoas à determinadas situações. Temos que pensar sempre que algo insignificante pra gente, talvez seja sério para o próximo. Abaixo seguem sugestões de leitura que complementam o tema. Espero que ajude.

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"Quem cuida, merece cuidados"

Todos merecemos ficar bem, mas, muitas vezes, a ignorância nos afasta do processo

Trauma na Psicanálise: De acordo com a perspectiva psicanalítica, o trauma é compreendido como uma experiência emocionalmente avassaladora que perturba o equilíbrio psíquico de um indivíduo. Para Sigmund Freud, o trauma está intimamente ligado à teoria do inconsciente e ao processo de repressão. Ele argumentava que certas experiências traumáticas, especialmente aquelas ocorridas na infância, são tão dolorosas e angustiantes que a mente tenta se proteger reprimindo essas memórias e emoções associadas. No entanto, esses conteúdos reprimidos continuam a exercer influência sobre o indivíduo, resultando em sintomas, comportamentos disfuncionais e dificuldades emocionais. A psicanálise busca explorar essas camadas inconscientes, permitindo ao indivíduo trazer à consciência os traumas reprimidos, processá-los e, assim, promover a cura e a integração psíquica. A relação terapêutica e o trabalho de análise são fundamentais para essa abordagem, fornecendo um espaço seguro e acolhedor para o paciente explorar e confrontar seu trauma.

Trauma na psicologia: o trauma é compreendido como uma resposta emocional e psicológica intensa a um evento perturbador, que pode ameaçar a vida ou a integridade física e emocional de uma pessoa. Esses eventos podem incluir acidentes graves, abuso físico ou sexual, violência, desastres naturais, experiências de guerra, entre outros. O trauma pode levar a uma série de efeitos negativos na saúde mental e emocional, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), ansiedade, depressão, dificuldades de sono, problemas de concentração e prejuízos nos relacionamentos. A psicologia busca compreender os efeitos do trauma no funcionamento psicológico e desenvolve abordagens terapêuticas específicas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), para ajudar os indivíduos a processar o trauma, reduzir os sintomas e promover a resiliência e a recuperação. Além disso, são utilizadas estratégias de autocuidado e suporte psicossocial para ajudar o indivíduo a lidar com os impactos do trauma e reconstruir sua vida.

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