17° Anuário de Segurança Pública e a urgência sobre cuidados e prevenção com a saúde mental

CRISE POLICIALARTIGOS

Ávila Graziele

7/27/20234 min read

O texto fala do recente 17° Anuário de Segurança Pública publicado e faz algumas considerações e análises sobre o tema saúde mental policial. Vale muito a leitura !

Tema importante...

Por Ávila Graziele

Bacharel em Psicologia, Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental. agrazieles@gmail.com

17° Anuário de Segurança Pública e a urgência sobre cuidados e prevenção com a saúde mental

Recentemente foi divulgada a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que se compõe de dados estatísticos a respeito de como a Segurança Pública vem atuando no país e como os seus agentes são impactados através do seu exercício profissional. É de extrema relevância a apuração e divulgação desses dados, pois através dessas informações é possível desenvolver medidas que visem promover melhorias na execução dos trabalhos e possíveis medidas preventivas para saúde física e mental dos servidores da Segurança Pública. Sabe-se que a maior beneficiária de uma equipe de Segurança bem amparada é a Sociedade.

No anuário, o capítulo “Vitimização e letalidade policial” apresenta a tabela sobre Crimes Violentos Letais e Intencionais comparando números do ano 2021 com o ano 2022, onde podemos observar os seguintes dados:

· Policiais Civis mortos em confronto em serviço, caiu de 7 pra 1 o número absoluto.

· Policiais militares mortos em serviço o número absoluto subiu de 15 para 18.

· Policiais Civis mortos em confronto ou por lesão não natural fora de serviço o número absoluto subiu de 16 para 20.

· Policiais Militares mortos em confronto ou por lesão não natural fora de serviço o número absoluto subiu de 85 para 105.

A respeito do índice de suicídio apresentou os seguintes dados:

· Policiais Militares, o número caiu de 78 para 69.

· Policiais Civis, o número caiu de 23 para 13.

Apenas o Estado de Minas Gerais não informou o número de suicídios ocorridos em 2021 e 2022 entre policiais civis e militares, o que contribuiu para um número irreal na apuração total do índice nacional.

Nesta tabela chamam atenção os índices que se referem à Polícia Militar do Estado de São Paulo que em 2021 teve 16 suicídios entre os seus servidores e em 2022 o número se manteve; e a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que teve uma queda significativa no número de suicídios dentre seus servidores que caiu de 13 para 5 no intervalo 2021 e 2022.

O Anuário 2023 ressalta que os policiais estão morrendo mais em confronto ou lesão não natural durante a folga, seguido por suicídio e por último em confronto durante o serviço.

A atividade policial inevitavelmente exige que esses servidores sejam policiais 24h por dia, todos os dias, independente se estão de férias ou folga, o que os leva a ter constantemente um comportamento de desconfiança, estado de alerta, dificuldade para relaxar ou descansar, temor de frequentar determinados locais, limitações na vida social como um todo, de maneira que esse conjunto de situações aliados ao perigo recorrente, acabam por afetar a saúde mental e a qualidade de vida desses profissionais.

Quando se fala sobre sobrecarga, não se refere apenas ao período de execução do trabalho, mas também do contexto pós trabalho, quando o servidor continua, de certa forma, no exercício da função, contando com o agravante do sentimento de desproteção, já que está sem os parceiros de trabalho, sem a estrutura institucional, e qualquer outra ajuda necessária em tempo hábil. Todos esses fatores influenciam na vida familiar, conjugal, acadêmica, etc. É urgente um olhar mais atento e interessado dos governos estaduais para a preservação da saúde desses servidores que todos os dias estão tão expostos e vulneráveis.

A constante exposição à violência, confrontos armados, temor de morte (própria ou de familiares e pessoas próximas), afetam significativamente a saúde mental desses profissionais. Entre os principais sintomas estão: alteração do sono, aumento de peso, problemas gástricos, impactos nos relacionamentos interpessoais, baixa tolerância, conduta persecutória. Os transtornos mais diagnosticados são: ansiedade, estresse pós traumático, transtorno de ansiedade generalizada e o transtorno de dependência química.

É preciso que se desenvolva, de forma adequada às necessidades específicas de cada estado, ações preventivas em relação à saúde mental, estratégias com equipe multidisciplinar, acompanhamento, treinamentos comportamentais, espaço para escuta e acolhimento, além de um ambiente acolhedor e protetivo contra qualquer tipo de violência ou assédio físico, moral, sexual, psicológico. Além da importância de se investir nas equipes policiais, de saúde e administrativa, dividir as demandas de forma justa precisa ser um dos principais pilares para se evitar a sobrecarga de trabalho e prevenir sintomas e transtornos relacionados à saúde mental, que já são, como vimos, uma espécie de risco ocupacional da natureza desse trabalho. Inserir no contexto de profissionais que já trabalham, naturalmente, muitas vezes no limite de exigência psíquica tolerada por um ser humano, mais estressores como assédios e sobrecarga de trabalho, pode levar, inevitavelmente ao desenvolvimento de patologias de ordem psíquica.

Referências:

https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/07/anuario-2023.pdf

https://crpsc.org.br/noticias/saude-mental-dos-policiais-em-pauta

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